Conferência Livre de Políticas para Mulheres Privadas de Liberdade é realizada de forma inédita no Paraná 08/07/2025 - 16:31

Unidades prisionais femininas do Paraná sediaram, pela primeira vez, a Conferência Livre de Políticas para Mulheres. A iniciativa aconteceu na última sexta-feira (4) e marca um avanço inédito na promoção da escuta ativa e da inclusão deste público na construção de políticas públicas. A ação é organizada por meio de uma integração entre a Polícia Penal do Paraná (PPPR), a Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (SEMIPI), o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDM-PR), a Federação dos Conselhos da Comunidade do Estado do Paraná (Feccompar), o Conselho da Comunidade de Curitiba e de Foz do Iguaçu  e a Defensoria Pública do Paraná. 

“Essa é uma iniciativa histórica dentro do sistema prisional do Paraná. Estamos garantindo um espaço legítimo para que mulheres privadas de liberdade participem da construção de políticas públicas que impactam diretamente suas vidas”, destacou a diretora-geral da Polícia Penal do Paraná, Ananda Chalegre. 

As conferências livres, que integram o processo preparatório da 5ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, foram realizadas simultaneamente em três unidades do estado: no Centro de Integração Social (CIS), na Penitenciária Feminina de Piraquara (PFP) e na Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão (PFF-UP). A programação ao longo do dia contou com rodas de conversa, dinâmicas de escuta e sistematização de propostas, além da participação de 39 mulheres privadas de liberdade, representando a população feminina encarcerada. 

“Para nós, como gestoras de estabelecimentos prisionais femininos e como mulheres que lutam e apoiam a causa, foi uma enorme satisfação poder participar desse grande momento que com certeza entrará para a história das conferências para mulheres, dando espaço para novas e mais  lutas que até então estavam esquecidas”, disse a gestora da PFF-UP, Helena Maria Almeida Pasin. 

A Conferência no sistema prisional tem como objetivo garantir que as vozes das mulheres privadas de liberdade sejam ouvidas de forma qualificada, respeitando suas histórias, demandas e experiências. As participantes serão incentivadas a apresentar propostas concretas, que serão reunidas em um relatório final e encaminhadas à etapa estadual da Conferência de Políticas para Mulheres. 

“Participar dessa conferência foi uma experiência enriquecedora, que reforçou  a urgência de políticas integradas que valorizem a transformação social. Foi um momento de escuta, aprendizado e compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”, pontuou a diretora da PFP e da Política Estadual de Atenção Integral à Mulher Presa e Egressa do Sistema Penal do Estado do Paraná (PEAMPE), Alessandra Prado.

Para a diretora do Centro de Integração Social da PPPR, Marilu Katia da Costa: “a participação das mulheres privadas de liberdade representa um marco de elevada relevância social. No Estado do Paraná, atualmente, são 2.246 mulheres privadas de liberdade, distribuídas nas nove regionais. Ter o CIS selecionado como uma das unidades participantes é motivo de grande satisfação para toda a nossa equipe”. Para ela, dar voz a essas mulheres é um passo essencial para o fortalecimento da cidadania e da escuta qualificada dentro do sistema prisional, promovendo o diálogo democrático, a construção coletiva de propostas e a mobilização social em diversos territórios e segmentos. 

“As Conferências da Mulher permitem que as próprias mulheres possam expressar seus anseios, como sujeitos de direito das políticas implantadas pelo Estado. Garantir que as mulheres privadas de liberdade também possam fazer propostas é um passo histórico e muito importante na garantia dos direitos delas. Estamos muito felizes em poder proporcionar essa conferência livre”, destacou a presidente do Conselho da Comunidade de Curitiba, Waleiska Fernandes. 

A proposta vai além da escuta: busca transformar realidades e promover justiça social dentro e fora dos muros. A presença ativa dessas mulheres no debate é vista como essencial para o fortalecimento da cidadania e das políticas de reintegração. 

“Dar visibilidade às demandas das mulheres privadas de liberdade é um ato de justiça social, que reafirma o papel da educação, da escuta ativa e da participação cidadã como fundamentos essenciais para a reintegração social e reconstrução de trajetórias com dignidade, esperança e autonomia”, finalizou Marilu Katia da Costa.

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