Atendimentos dermatológicos realizados por alunos de medicina beneficiam apenados da Penitenciária Estadual de Guarapuava 21/10/2025 - 16:21
A Penitenciária Estadual de Guarapuava (PEG) firmou uma importante parceria com o Centro Universitário Campo Real para a realização de atendimentos médicos às pessoas privadas de liberdade (PPL), marcando um avanço significativo na integração entre ensino e responsabilidade social. Os atendimentos iniciaram na sexta feira (17). Nesta primeira etapa, o atendimento foi voltado à especialidade de dermatologia, beneficiando 96 custodiados da unidade.
A iniciativa é conduzida pelos alunos do curso de medicina, sob a supervisão direta de um médico dermatologista, proporcionando aos acadêmicos uma experiência prática essencial para a formação profissional e, ao mesmo tempo, garantindo acesso a um cuidado de saúde especializado dentro do ambiente prisional.
Para o diretor da Penitenciária Estadual de Guarapuava, Alessandro dos Santos, essa parceria é essencial: “Representa um marco importante para a PEG. Além de garantir um atendimento especializado em saúde às pessoas privadas de liberdade, ela também fortalece o vínculo entre a instituição prisional e a comunidade acadêmica”, afirmou. “Nosso objetivo é promover ações que unam reintegração social e cuidado humano, e esse projeto traduz exatamente isso: oferecer dignidade através da saúde e, ao mesmo tempo, proporcionar aos futuros médicos uma vivência prática e socialmente relevante. Agradecemos à Campo Real por acreditar nessa iniciativa e por contribuir para que o sistema prisional se torne um espaço de aprendizado, cidadania e transformação”, complementou.
“O projeto é de grande importância, principalmente por atender pacientes que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de atendimento especializado, seja no sistema prisional ou até mesmo no próprio SUS, onde as filas de espera costumam ser longas. Para os alunos, a experiência é extremamente enriquecedora, pois possibilita a prática da especialidade dentro do espaço escola da RealClin. Os atendimentos foram realizados de forma supervisionada: os estudantes conduziram as consultas, apresentaram os casos ao supervisor e, após a análise, retornamos juntos para a definição do diagnóstico e a prescrição dos medicamentos”, explicou o médico dermatologista e professor supervisor da disciplina, Dr. Luis Felipe Stella Santos
De acordo com o coordenador do curso de medicina da Campo Real, Dr. Anderson Vinicius Kugler Fadel, a ação está alinhada às novas diretrizes curriculares nacionais: “Estamos caminhando para o nono ano do curso de medicina em Guarapuava, e temos trabalhado na consolidação de uma série de convênios e estruturas que nos permitam atender plenamente às diretrizes curriculares nacionais. A nova diretriz de 2025 destaca que, além do ensino técnico e científico, a formação médica deve contemplar a atenção às minorias e às populações em situação de vulnerabilidade — entre elas, as pessoas privadas de liberdade”, disse o oncologista e cirurgião. “É de grande interesse do curso que nossos alunos aprendam a reconhecer e atender as demandas sociais, e para isso precisam estar expostos a esse tipo de atendimento, para que consigam formar sua identidade profissional e compreendam que algumas doenças são mais prevalentes nessas populações. A escolha de iniciar os atendimentos pelo ambulatório de dermatologia surgiu da constatação de que as doenças de pele são muito comuns no ambiente prisional. A partir dessa experiência, pretendemos avaliar os resultados e, no próximo ano, buscar a ampliação para outras especialidades”, completou o Dr. Anderson.
A expectativa é que, a partir dos resultados obtidos com a dermatologia, o projeto seja ampliado futuramente para outras especialidades médicas.