Curso de Horta reforça a educação como caminho para a transformação na Penitenciária Industrial, em Cascavel 30/10/2025 - 16:04
A Penitenciária Industrial Marcelo Pinheiro – Unidade de Progressão (PIMP-UP), em Cascavel, concluiu nesta quinta-feira (30) o curso de Olericultura – do planejamento da produção ao plantio e à comercialização, promovido por meio de uma parceria entre a Polícia Penal do Paraná (PPPR) e o Sistema FAEP/SENAR-PR, que é composto pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Paraná (SENAR-PR) e pelos sindicatos rurais.
Com 40 horas de duração, distribuídas em cinco encontros teóricos e práticos, o curso capacitou dez pessoas privadas de liberdade (PPL), com aulas realizadas na horta da própria unidade prisional — um espaço produtivo que fornece hortaliças e verduras utilizadas na cozinha da penitenciária.
O diretor da unidade, Álvaro Marcelo Alegrette, destacou a importância da qualificação profissional como um instrumento de transformação social. “Por meio da capacitação, buscamos preparar os custodiados para o retorno à sociedade, oferecendo a elas uma profissão que possa servir de base para a reconstrução de suas trajetórias após o cumprimento da pena. A prática do que é aprendido ocorre diretamente na horta da unidade, um espaço amplo, cuidado com dedicação pela própria mão de obra prisional. Cada aluno que participa sai daqui com mais conhecimento, mais confiança e com a possibilidade de recomeçar de forma digna”, afirmou o diretor.
A engenheira agrônoma e instrutora do curso, Giane Fátima Dranka Mori, explicou que o curso abordou desde os fundamentos do cultivo até o planejamento da comercialização das hortaliças. “Trabalhamos desde o preparo do solo e o uso de calcário para equilibrar o pH, até os tipos de adubação — orgânica e química. Eles aprendem também sobre o plantio, as formas de semeadura, o espaçamento ideal, o ciclo e os períodos de cada cultura, além dos tratos culturais, como irrigação, cobertura do solo e manejo adequado das plantas. Tudo isso prepara o aluno para conduzir o cultivo de forma eficiente e sustentável”, explicou.
Giane destacou ainda que o aprendizado adquirido dentro da unidade pode ser aplicado como fonte de renda e de melhoria da qualidade de vida. “A especialização é fundamental em qualquer atividade, e com as plantas não é diferente. Eles podem, com esse conhecimento, prestar serviços a quem já cultiva hortaliças, ou até produzir em suas próprias casas, em pequenos espaços. Algumas culturas têm ciclos curtos, o que permite retorno rápido e a possibilidade de empreender. Muitos alunos se encantam com o trabalho com a terra — é um processo que envolve cuidado, paciência e contato direto com a natureza. Trabalhar com o solo é algo terapêutico, que aproxima o ser humano do divino e fortalece o sentido de propósito e reconexão com a vida”, ressaltou.
Entre os participantes, o sentimento foi de aprendizado e gratidão. Um dos apenados, que cresceu em área rural e sempre cultivou hortas em casa para consumo próprio, destacou a importância de receber uma formação técnica. “Eu sempre tive horta em casa, mas nunca tinha recebido uma qualificação como essa. Aprendi muito, principalmente sobre compostagem e o uso de adubos naturais. Antes, eu utilizava mais produtos químicos, e agora sei como tornar o cultivo mais orgânico e sustentável. Esse conhecimento faz toda a diferença e vai me ajudar quando eu sair daqui. Além disso, o curso também contribui na redução da pena, o que é um incentivo a mais para continuar estudando e buscando uma nova vida”, contou.
Além da capacitação e certificação, os participantes terão direito à remição de pena, com a redução de um dia a cada 12 horas de curso concluídas, conforme prevê a legislação penal.
O curso de olericultura integra um conjunto de ações da PPPR voltadas à educação e qualificação profissional como ferramentas de reintegração social. O SENAR-PR já havia ofertado outras formações na unidade em 2024, reafirmando o compromisso das instituições parceiras em promover oportunidades concretas de reintegração e transformação social por meio do conhecimento.



















