A Cadeia Pública de Toledo, unidade referência no acolhimento de mulheres transexuais e travestis no sistema prisional do Paraná, concluiu nesta terça-feira (14) mais uma etapa de seu programa de capacitação profissional. O curso de Depilação – Técnica de Epilação Egípcia, ofertado por meio de uma parceria entre a Polícia Penal do Paraná (PPPR), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Projeto Mais Qualificação da Secretaria de Trabalho, Qualificação e Renda (SETR), reuniu nove alunas custodiadas, em um total de 15 horas de atividades teóricas e práticas.

A formação proporcionou não apenas uma nova habilidade profissional, mas também a possibilidade de redução de pena — conforme a Lei de Execução Penal, a cada 12 horas de curso concluídas, a pessoa privada de liberdade tem um dia de pena reduzido.

Para a gestora da unidade, Ângela Patrícia Hartmann, a iniciativa reforça o compromisso da Cadeia Pública de Toledo com a inclusão e a reinserção social das pessoas privadas de liberdade. “Esses cursos têm sido muito importantes porque unem a qualificação profissional à oportunidade de remição de pena. As próprias custodiadas têm solicitado mais formações, pois pensam no futuro, no que farão quando deixarem a unidade. Muitas expressam o desejo de recomeçar, de empreender e viver do próprio trabalho. Essa é uma forma concreta de oferecer novas perspectivas e reduzir o risco da reincidência. Sabemos que, mesmo hoje, o preconceito ainda é grande, e ter uma profissão aumenta as chances de um recomeço digno”, destacou.

A instrutora de beleza do Senac, Alessandra Gomes, responsável por ministrar o curso, explica que as participantes aprenderam técnicas valorizadas no mercado da estética, capazes de garantir uma fonte de renda estável. “Elas aprenderam a técnica da epilação egípcia, também conhecida como depilação com linha, e a depilação facial com cera e pinça. É um aprendizado completo, que as torna aptas para trabalhar em salões de beleza ou até abrir o próprio negócio. O mercado da beleza está em constante crescimento, e quem domina essas técnicas pode chegar a um ganho mensal de até quatro mil reais, dependendo da clientela. Além da técnica, elas saem daqui com um certificado de qualidade e com confiança para empreender”, ressaltou.

A epilação egípcia é uma técnica milenar que utiliza uma linha de algodão torcida para remover os pelos pela raiz. É um método natural, eficaz e menos agressivo à pele, ideal para regiões sensíveis como o rosto. Além de retirar os pelos, promove uma leve esfoliação, deixando a pele mais uniforme. O procedimento exige prática e cuidado, sendo considerado um diferencial para profissionais da área da estética.

Durante o curso, as aulas foram divididas entre teoria e prática. As alunas aprenderam a higienização da pele, as técnicas de manuseio da linha, os cuidados pós-procedimento e a importância da segurança e da ética profissional.

Uma das participantes destacou a relevância do aprendizado para o futuro: “Pra nós, esse curso foi uma grande oportunidade. Muitas de nós já sabíamos fazer algo de forma empírica, mas agora aprendemos a técnica correta, com os produtos adequados e os cuidados necessários. Saímos daqui capacitadas para chegar em um salão e dizer com segurança: eu sei fazer epilação egípcia e depilação com cera. Foi um aprendizado que vai fazer diferença na nossa vida lá fora”, afirmou uma das alunas.

Outra custodiada também ressaltou o impacto emocional e profissional que o curso proporcionou: “Foi um conhecimento novo, que eu não tinha antes. Uma oportunidade de recomeçar, de enxergar novas possibilidades. A professora trouxe uma base de alto nível e nos incentivou muito. Agora sei que é possível empreender, montar o próprio negócio e ter uma vida diferente quando sair daqui. É só ter força de vontade e seguir com novos objetivos”, finalizou.