Justiça Restaurativa expande integração entre acadêmicos e apenadas em Foz do Iguaçu 31/05/2023 - 14:19

Nos meses de abril e maio deste ano, a Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão (PFF - UP) recebeu turmas de estudantes do curso de Psicologia da instituição de ensino superior Uniamérica, com o objetivo de desenvolver projetos baseados na perspectiva da Justiça Restaurativa que prevê o restabelecimento de vínculos.

Os projetos proporcionaram às pessoas privadas de liberdade espaços de reflexão sobre diversos temas por meio do diálogo, e ainda, buscaram aproximação da comunidade à realidade dos apenados, desmistificando preconceitos que podem prejudicar o processo de reintegração social.

Além disso, os alunos tiveram a oportunidade de estar em contato com demandas sociais, sendo um importante aprendizado na formação acadêmica.

Um dos grupos teve como tema trabalhar a autoestima de mulheres privadas de liberdade acima de 50 anos. Já outro grupo trabalhou com a temática da violência doméstica, tão presente na população feminina privada de liberdade.

A Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu desenvolve uma série de projetos e atividades, visando o tratamento penal e a progressão de regime das pessoas privadas de liberdade, sempre com foco em atividades educacionais e profissionais.

O diretor-adjunto da Polícia Penal do Paraná, Mauricio Ferracini, ressalta que o trabalho desenvolvido através das técnicas de justiça restaurativa produz um efeito muito positivo no sistema penitenciário.

“As técnicas de justiça restaurativas são muito eficientes tanto para o servidor das unidades quanto para o público carcerário, porque aproximam o apenado da consciência do delito que praticou, ou seja, aumenta a reflexão e o olhar de todos para as questões que envolvem as circunstâncias de um crime. Ressalto que trabalhos como esses são de extrema importância para o sistema prisional do Paraná e tem feito a diferença no tratamento penal exclusivo que unidades de progressão possuem.”

A diretora da PFF - UP, Caroline Bondan, enaltece a importância do projeto desenvolvido na unidade penal, como uma ponte entre a segurança pública e o mundo acadêmico: “O comprometimento com o projeto é total, tanto entre servidores, alunos e as pessoas privadas de liberdade, todas entenderam a importância desse elo entre a universidade e as políticas públicas do tratamento penal”.

A disciplina teve como mentora a psicóloga Karine Belmont Chaves, que atende as unidades penais de Foz do Iguaçu. Ela afirma que a troca de experiências entre as mulheres privadas de liberdade e os estudantes tem proporcionado experiências muito ricas para ambas as partes.
“Quando se fala em violência doméstica, por exemplo, temos que acrescentar que embora as pessoas privadas de liberdade tenham violado alguma regra social, mais da metade das mulheres detentas sofreu algum tipo de violência doméstica antes de entrar no sistema”, ressalta.

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