A Colônia Penal Industrial de Maringá (CPIM) foi palco, na quinta-feira (29), de uma importante iniciativa educacional voltada à reintegração social de pessoas privadas de liberdade. Na unidade penal, foi apresentado o Projeto Especial de Leitura, como parte da conclusão do curso “Formadores em Ação”, promovido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED) e que teve duração dois dois meses. O projeto foi inicialmente desenvolvido na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM) e, diante dos bons resultados, foi ampliado para a CPIM.

Com apoio do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Professora Tomires Carvalho e da direção da unidade penal, o projeto envolveu diretamente 24 apenados no processo de leitura, reflexão crítica e produção de conhecimento. A proposta buscou incentivar o hábito da leitura como instrumento de transformação pessoal, ampliando horizontes e promovendo a integração entre educação e cidadania no ambiente prisional.

O diretor da CPIM, Silvino José Molina de Sousa, enfatizou o impacto da ação no ambiente prisional: “Quando vemos os internos se envolvendo de verdade com a leitura, debatendo ideias e reconhecendo seu próprio potencial, percebemos que projetos como este vão muito além da sala de aula, eles alcançam a essência da mudança que buscamos aqui dentro”, declarou.

Segundo a professora Aldenisia Bento de Freitas Giovanni, idealizadora do projeto, a escolha da obra “Memórias de um Tropeiro”, do autor Jorge Antônio Salem, foi motivada por uma conexão imediata com o conteúdo. “Conheci o livro no dia do lançamento e fiquei apaixonada. É uma obra maravilhosa, de fácil leitura e com um conteúdo cultural imenso. Traz a nossa história, do Paraná e do Brasil, mostrando a contribuição dos tropeiros na construção do país. É riquíssima”, salientou.

A pedagoga da unidade, Ivanir Jolio, destacou com entusiasmo o comprometimento dos participantes: “O desempenho dos internos superou nossas expectativas, eles não apenas leram a obra com atenção, mas também trouxeram reflexões profundas, demonstrando que a leitura despertou neles um olhar mais crítico e consciente sobre suas próprias histórias”, disse.

O ápice das atividades ocorreu com a realização da 2ª Roda de Conversa sobre a obra e que contou com a presença especial do escritor, que dialogou com os participantes sobre sua trajetória, os bastidores da publicação e a importância histórica da cultura tropeira para a formação do Paraná e do Brasil.

Jorge Antônio Salem, que já escreveu dois livros e se prepara para lançar o terceiro, também compartilhou sua experiência com os custodiados da CPIM e demonstrou entusiasmo com a receptividade. “Foi uma honra participar do evento na unidade penal. O que mais me impressionou foi perceber que, de fato, os internos haviam compreendido o livro. As perguntas que eles fizeram durante a roda de conversa eram diretamente relacionadas ao conteúdo, e conseguiram interpretar muito bem a mensagem da obra. Gostei muito da experiência e espero que existam outras oportunidades como essa”, afirmou.

O evento foi prestigiado pela chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE), Isabel Cristina Domingues Soares Lopes, além de diretores da CPIM e representantes do Ceebja. A presença do autor e das autoridades reforçou o valor simbólico e pedagógico do encontro.