A Polícia Penal do Paraná (PPPR), em parceria com o Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos (Ceebja) Tomires Moreira de Carvalho, realizou na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM) o encerramento do Projeto Especial de Literatura com foco na leitura e análise da obra “Capitães da Areia”, de Jorge Amado. A iniciativa integra o programa de remição da pena por estudo, através da leitura.

O projeto, desenvolvido pela Divisão de Educação e Capacitação da PPPR, teve as leituras encerradas ainda no dia 20 de outubro. Na sequência, os participantes elaboraram resenhas críticas e, no dia 30 de outubro, participaram da Roda de Conversa que marcou o encerramento das atividades.

Ao todo, 14 pessoas privadas de liberdade participaram do encontro, que teve como eixo principal o debate sobre os aspectos sociais, políticos e religiosos retratados na obra. A atividade incentivou uma reflexão profunda sobre as realidades abordadas pelo autor do livro e suas conexões com o contexto atual. As discussões foram enriquecidas pela presença de convidados que contribuíram com análises sob diferentes perspectivas, como jurídica, filosófica, sociológica e psicológica, ampliando a compreensão coletiva sobre os temas propostos.

Para o coordenador regional da PPPR em Maringá, Júlio César Vicente Franco, iniciativas como essa consolidam o papel humanizador da instituição. “A leitura e a educação são caminhos que promovem a verdadeira reinserção social. Quando o interno reflete sobre sua própria história por meio da literatura, ele descobre novas possibilidades e ressignifica o futuro”, destacou.

O diretor da Penitenciária Estadual de Maringá, Rafael Alberto Kawanishi Martins, destacou a relevância da ação. “O Projeto de Literatura reafirma o compromisso da unidade penal com a educação como instrumento de transformação e reinserção ao meio social. A leitura desperta novos olhares e mostra que é possível reconstruir caminhos por meio do conhecimento”, afirmou.

Também presente na atividade, Ruth Tesche, a líder religiosa e presidente do Conselho da Comunidade de Maringá, ressaltou a importância do apoio espiritual oferecido aos custodiados. “O amparo religioso tem papel fundamental no processo de reintegração social, pois fortalece a fé, a esperança e o propósito de mudança, caminhando lado a lado com a educação e o autoconhecimento”, frisou.

Para os organizadores, experiências como essa demonstram que a leitura, quando compartilhada de forma crítica e reflexiva, ultrapassam o simples ato de decodificar palavras. “A literatura se torna uma ponte entre o ser e o mundo, despertando consciência, empatia e possibilidades de transformação”, afirmou Aldenisia Bento de Freitas, responsável pelo projeto, juntamente a Sueli Aparecida Alves do Nascimento, ambas pedagogas da unidade.