Paratletas militares de tiro esportivo de ar treinam na Base SOE Londrina e participam de Campeonato Brasileiro 04/09/2023 - 11:34

No dia 22 de setembro é comemorado nacionalmente o dia do paratleta. A data visa homenagear, apoiar e divulgar o trabalho desenvolvido por esses atletas, agindo como ferramenta de inclusão das pessoas com deficiência. É neste mês também (entre os dias 1 e 3) que será realizado no Rio de Janeiro o Campeonato Brasileiro Paralímpico de 2023, com a participação de atletas de alto rendimento de diversas modalidades.

Em Londrina, os paratletas militares de tiro esportivo de ar com carabina de 10 metros, soldado Luci Maria de Lima e o sargento Wilson Stein, buscaram parceria com o Departamento de Polícia Penal e têm feito sua preparação no Centro de Treinamento e Instrução Thiago Borges de Carvalho, localizado na base do SOE Londrina.

“A estrutura do estande de tiro da regional administrativa de Londrina é a mais moderna entre todas as nove regionais da Polícia Penal do Paraná, que fornece profissionalização ao nosso servidor mas, não apenas isso, está à disposição para uso de outras forças de segurança. Quando esta base foi pensada houve a contribuição de muitas instituições, muitos órgãos, para que se chegasse ao nível de excelência que apresenta. Termos dois paratletas militares realizando seu treinamento, utilizando a estrutura da PPPR, é muito gratificante e demonstra a integração em que as forças têm trabalhado e evidencia que todo o investimento, todo o esforço, valeu a pena”, explica o diretor adjunto da Polícia Penal do Paraná, Maurício Ferracini.

O Coordenador da PPPR da regional de Londrina, Reginaldo Peixoto, ressalta que o objetivo da criação do Centro de Treinamento foi além de proporcionar capacitação aos servidores da Polícia Penal do Paraná (PPPR), mas também estender essa benesse às demais forças policiais. “Nesse caso em específico, estamos dispostos sempre em somar para que o esporte cresça e que o paraesporte se destaque ainda mais. Estamos à disposição para ajudar sempre”, disse.

A rotina de treinamentos é diária e envolve preparação física, aplicação das posições para desenvolvimento da memória muscular e aperfeiçoamento de precisão do tiro. A soldado Luci explica que no ano passado, quando iniciou, os treinos eram feitos com pouca disciplina, conciliando com a rotina doméstica e realizados no improviso da sua própria casa.
Os atletas ainda não possuem patrocinadores, mas a soldado Luci exalta que a parceria com a PPPR foi de grande valia para a qualidade de seus resultados. “Nós fomos muito bem recebidos por toda a equipe do SOE que nos disponibilizam toda a estrutura do estande de tiros e inclusive usamos a academia deles, foi uma benção”, ressaltou.

A carabina utilizada tem peso aproximado de 5kg e as competições têm a duração de 90 minutos, exigindo assim fortalecimento muscular para garantir estabilidade e precisão nos disparos. Duas vezes por semana, o preparador físico especialista em paradesporto, Vitor Ioni, coordena os treinamentos dos atletas e explica que constantemente faz adaptações que se encaixem nas especificidades individuais das lesões. “Há poucas bibliografias na área do paradesporto, mas aceitei o desafio e constantemente fazemos adaptações para seguir o cronograma de treinamento. A vitória é consequência da disciplina, da constância dos treinamentos e isso chega com o tempo”, explicou.

O tiro esportivo de ar - Para o tiro esportivo de ar, podem ser utilizadas a carabina ou a pistola, com munição de chumbinho. A prova pode ser disputada em categorias feminino, masculino ou misto e de forma individual ou dupla. As regras variam de acordo com a prova, a distância, o tipo do alvo, a posição de tiro, o número de disparos e o tempo para atirar. O alvo tem 10 circunferências de diferentes pontuações e o círculo do meio, o menor de todos, vale 10 pontos. As modalidades são divididas em tiro em pé, sentado e deitado.

Diferente da competição convencional, nas disputas de paratletas, padroniza-se que todos os atiradores estejam sentados, alterando a empunhadura do armamento conforme a modalidade escolhida. Assim, para a posição em pé, o atirador deve segurar o armamento sem nenhum apoio, já na sentada, é utilizado um ponto de apoio para o braço na bancada. E na posição deitada, o paratleta deve apoiar os dois braços na bancada. Em cada prova, são disparados 60 tiros a distância de 50 metros no período máximo de 90 minutos.

A história da soldado Luci - Há 16 anos, quando se deslocava para o trabalho, Luci Maria de Lima sofreu um acidente de moto que resultou na perda de sua perna esquerda. Luci havia entrado para a corporação há pouco mais de um ano, tinha plano de ascender ao cargo de oficial, mas a legislação vigente à época aposentou-a das funções.

Após três meses da alta hospitalar, ela começou a praticar natação, inicialmente para perder peso e melhorar as condições de saúde, mas em pouco tempo já estava participando de competições e ganhando medalhas. Resiliente, Luci também participou da equipe de paracanoagem durante três anos, pausando suas atividades esportivas para se dedicar à maternidade.

Em 2022, Luci buscou uma atividade esportiva que combinasse com sua rotina e se identificou com a modalidade do tiro esportivo. Desde o início ela tem buscado participar de campeonatos, já conquistando algumas medalhas. “Desde que iniciei nessa modalidade tenho percebido que estou cada vez mais dedicada aos treinos e sempre buscando uma nova premiação e focando nas Paraolimpíadas”, declarou.

Além de participar do Campeonato Brasileiro, também no mês de setembro, foi convidada a participar da primeira apresentação de paratletas no Mundial Militar que ocorrerá no Rio de Janeiro com a participação de diferentes forças de segurança.

A história do sargento Stein - Policial Militar desde 1982, o sargento Stein atuava na companhia rodoviária estadual da região de Mauá da Serra. Em 2006, na véspera do plantão, sofreu um acidente de carro, no qual foi ejetado e o próprio veículo caiu sobre uma de suas pernas, ocasionando a perda do membro direito. “Atendi inúmeros acidentes e nunca imaginei que pudesse passar por um, sempre achamos que não pode acontecer com a gente essas coisas”, salientou.
Diferente da soldado Luci, o sargento Stein voltou às atividades em 2008. Vindo a se aposentar em 2016. Eles se conheceram enquanto aguardavam uma consulta médica no Sistema de Assistência à Saúde dos servidores do estado do Paraná (SAS) de Londrina, desde então ficaram amigos e, à convite da soldado, Stein se animou a praticar natação, onde ficou por mais de três anos, e atualmente o tiro.

Stein conta que, logo após seu acidente, passou por quadro depressivo, mas que a prática esportiva ajudou-o a superar a doença. “Hoje estou hiperbem, o esporte, a família e a religião são o que me dão suporte. E minha ‘inimiguinha’ de estande, Luci”, brincou. Atualmente os militares competem em modalidades individuais, sendo adversários entre si em algumas provas, mas estudam a opção de participar em dupla.

GALERIA DE IMAGENS

  • Foto: Polícia Penal do Paraná
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