A Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão (PEFB) recebeu, nesta quarta-feira (24), a cartilha do projeto Tecendo Vínculos, desenvolvida em parceria entre a Polícia Penal do Paraná (PPPR) e o curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Francisco Beltrão. O material foi elaborado por acadêmicos do 2º ano, como parte da disciplina de Direito e Legislação Social, e entregue em evento que também marcou os 10 anos do curso na instituição de ensino. 

A cartilha reúne informações destinadas a pessoas privadas de liberdade, familiares e à comunidade beltronense, abordando temas como direitos sociais, educação, auxílios, assistência, acesso à justiça gratuita, funcionamento do CREAS e modalidades de ensino disponíveis na unidade, como o Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos (Ceebja) Novos Horizontes e a remição pelo estudo. O material será utilizado em entrevistas e atendimentos realizados pelos acadêmicos do projeto de extensão Tecendo Vínculos, que busca identificar demandas sociais de custodiados do sistema prisional e apoiar a reconstrução familiar, além de ser distribuído em ações do Projeto Ressignificar da Vara de Execução Penal (VEP) e no Complexo Social. 

“A manutenção do vínculo entre a Polícia Penal e a Unioeste é muito importante. Contamos com um suporte dos universitários em várias áreas, de várias disciplinas, que são encaminhados pela universidade para dar este apoio no ambiente prisional aqui em Francisco Beltrão. É um contexto muito importante, pois o apenado muitas vezes precisa de atendimentos e através dessa parceria com a Unioeste nós conseguimos atender a estas demandas, prestando atendimentos em diversas frentes para o custodiado e também para policiais penais e servidores que atuam na penitenciária. Funciona como um laboratório para os acadêmicos, que conseguem pôr em prática aquilo que aprendem na universidade, desenvolvendo diversas atividades”, destacou o coordenador regional da PPPR em Francisco Beltrão, Marcos Andrade. 

Para a coordenadora do curso de Serviço Social da Unioeste, professora Andreia Agda, a iniciativa fortalece a formação dos futuros profissionais e amplia o alcance das ações sociais no sistema penitenciário. “Esses acadêmicos já estão voltando para a sala de aula de forma diferente. Eles estão podendo levar o conhecimento adquirido aqui para fora da universidade e também trazendo conhecimentos de fora para dentro do mundo acadêmico. Eles estão se tornando mais sensíveis, mais humanizados e entendendo a distância que existe entre agressores e agredidos na questão da violência, desconstruindo preconceitos e um imaginário que culpabiliza e marginaliza, em vez de pensar na inclusão e nos direitos humanos, então hoje eles estão entendendo na prática todo o arcabouço teórico que a academia possibilita. Essa troca com o sistema penitenciário está sendo muito importante”, destacou. 

A professora Adriana Britto, do curso de Serviço Social da Unioeste, destacou que a realidade observada na unidade de Francisco Beltrão se diferencia de outras do país, ressaltando a importância da cartilha para potencializar o trabalho. “É um projeto importante para a sociedade. O projeto visa criar vínculos com as pessoas privadas de liberdade para que elas tenham seus direitos assegurados, tenham contato com suas famílias, possam restabelecer as suas vidas após o cumprimento de suas sentenças judiciais e para que possam ter uma segunda chance para seguir com suas vidas pós-cárcere com apoio da sociedade”, explicou Adriana. 

O evento contou com a presença de policiais penais, profissionais do Complexo Social, representantes do setor de Serviço Social da unidade e da Central de Credenciais.