A Polícia Penal do Paraná (PPPR), por meio da Colônia Penal Industrial de Maringá (CPIM), em parceria com o Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos (Ceebja) Professora Tomires Carvalho e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), promoveu nesta quarta-feira (26) o encerramento do curso de auxiliar de panificação. A formação profissional capacitou 20 pessoas privadas de liberdade (PPL), reforçando ações de reinserção social e geração de oportunidades dentro do sistema penal.

Com carga horária de 160 horas, o curso foi dividido nos períodos da tarde e da noite, garantindo que também os custodiados que trabalham durante o dia pudessem participar da formação sem interferir nas rotinas laborais internas. A estrutura do curso permitiu que todos os alunos vivenciassem tanto o conteúdo teórico quanto o prático, com produção de pães, bolachas, pizzas, cookies, panetones, pudins, bolos entre outras variedades.

O coordenador regional da Polícia Penal em Maringá, Júlio César Vicente Franco, destacou a importância de investimentos contínuos em ensino e qualificação profissional. “Quando qualificamos uma pessoa privada de liberdade, ampliamos as chances de reintegração social e reduzimos os caminhos que levam de volta ao crime. O conhecimento é uma ferramenta poderosa, e cada oportunidade oferecida aqui faz diferença na vida de quem está buscando recomeçar”, afirmou.

O diretor da CPIM, Silvino José Molina de Sousa, reforçou o papel da educação como ferramenta de transformação. “Nosso compromisso é oferecer oportunidades reais de transformação. Cada curso, cada certificação e cada nova habilidade desenvolvida aqui representa uma porta que se abre para o futuro dessas pessoas. A educação e a profissionalização dentro do sistema prisional não mudam apenas a rotina na unidade, elas mudam trajetórias de vida”, explicou.

Ministrado pela instrutora Rafaella Mayara Martins, o curso foi marcado por vínculos positivos e muito comprometimento dos participantes. Emocionada, Rafaella disse levar dessa experiência um aprendizado que vai além da sala de aula. “Confesso que estou com o coração apertado por me despedir da turma. Foi minha primeira experiência ministrando curso no sistema penal e fiquei profundamente impressionada com a dedicação, o respeito e a vontade de aprender de cada aluno. Levo comigo uma lembrança muito especial e espero, de verdade, ter outras oportunidades de voltar”, declarou.

A pedagoga da unidade, Ivanir Jolio, ressaltou que a experiência do curso ultrapassa o aprendizado técnico e alcança aspectos emocionais e sociais. Ela lembrou, inclusive, que um dos participantes tinha uma saída temporária agendada durante o período do curso, mas optou por cancelá-la para não perder nenhuma aula, tamanho o envolvimento com a formação. “A cada formação concluída percebemos que o aprendizado vai muito além das técnicas, ele toca a autoestima, resgata identidades e mostra que ninguém está condenado a ser apenas o seu erro. Ver cada aluno descobrir que é capaz é o que dá sentido ao nosso trabalho”, afirmou.

Entre os alunos, muitos relatos reforçaram a transformação pessoal promovida pela capacitação. Um dos formandos compartilhou que nunca havia tido contato com massas ou panificação antes do curso e que, ao longo das aulas, passou a acreditar novamente em suas capacidades e no futuro: “Eu nunca tinha lidado com massa, nunca preparei um pão, uma pizza, nada. No começo achei que não fosse capaz, que isso não era para mim. Mas quando coloquei literalmente a mão na massa, alguma coisa aqui dentro mudou. Cada receita que dava certo, cada elogio dos colegas e da professora parecia que reconstruía um pedaço meu por dentro. Hoje eu sei que posso aprender, que posso ser útil, que posso ter uma profissão. Quando eu sair daqui, eu sei que posso recomeçar de um jeito diferente. Nunca pensei que fazer pão pudesse me devolver esperança, mas devolveu”, revelou.