A Polícia Penal do Paraná (PPPR) promoveu nos dias 18, 19 e 20 deste mês um evento alusivo ao Dia da Consciência Negra na Cadeia Pública de Goioerê. Foram realizadas atividades culturais e educativas que contaram com a participação da Casa da Cultura do município de Goioerê, como apresentação de músicas de autores negros e documentários sobre escravidão, além de uma roda de conversa com a psicóloga Camila Lemes Vieira e com a policial penal Janaína Montenegro, gestora da unidade penal. As atividades contaram com a participação de 84 mulheres privadas de liberdade.

“O evento foi surpreendente e emocionante, pois as mulheres privadas de liberdade assistiram a um documentário chamado ‘Ecos da Escravidão’, em que elas relataram não fazer ideia de como a escravidão tinha acontecido verdadeiramente e isso foi muito positivo para mim pois acredito que o conhecimento é o único mecanismo que realmente liberta alguém. Houve um retorno muito bonito das custodiadas e finalizamos com a leitura da poesia ‘Deus Negro’, de Neimar de Barros, momento que elas se mostraram bastante emocionadas. Foi uma forma de trazer informação e realmente conscientizar as custodiadas sobre questões de raça e cor”, destacou Janaína Montenegro.

Marinês Alice de Souza, diretora da Casa de Cultura de Goioerê, enfatizou que, além de entretenimento, a participação da instituição representou resistência, consciência e empoderamento para as encarceradas. “Ao promover a Consciência Negra dentro das prisões, abre-se espaço para que mulheres negras detidas reafirmem sua identidade, questionem as estruturas racistas e fortaleçam sua dignidade em meio às adversidades, esse olhar de humanidade pela direção da unidade prisional é fundamental para inclusão social dessas mulheres tão vulnerável perante a vida”, disse.

“A roda de conversa com o tema ‘As Negritudes de Cada Dia', trouxe a remoção simbólica dos rótulos e sela o compromisso com a aceitação incondicional e o respeito à diversidade. Em essência, este momento não apenas identifica o preconceito, mas capacita as mulheres a reescreverem suas narrativas, focando em sua força intrínseca e rejeitando as definições limitantes impostas pela sociedade”, explicou a psicóloga Camila Lemes Vieira.

Feriado nacional - O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, surgiu como uma data dedicada à reflexão sobre a luta, a resistência e as contribuições da população negra na construção do Brasil. A escolha do dia marca a morte de Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência contra a escravização e de busca pela liberdade. Em 2023, passou a ser oficialmente reconhecida como feriado nacional, com a sanção da Lei 14.759/2023, reforçando o papel fundamental da data na promoção da igualdade racial e no combate ao racismo estrutural.