A Penitenciária Central do Estado - Unidade de Segurança (PCE-US) e a Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I), no Complexo Penitenciário de Piraquara, foram palcos nesta terça-feira (21) de uma mostra cultural que celebrou os resultados do projeto especial de literatura “Asas Para a Liberdade”, desenvolvido com pessoas privadas de liberdade da unidade penal. A iniciativa é conduzida pela Divisão de Educação e Capacitação da Polícia Penal do Paraná (PPPR), em parceria com o Conselho da Comunidade de Curitiba.

Lançado em junho deste ano, o projeto integra o Programa de Remição pela Leitura, regulamentado pela Lei nº 17.329/12, e tem como foco o estímulo à leitura, à produção textual e à expressão artística como instrumentos de transformação e reintegração social. A cada livro lido e atividade concluída, o custodiado pode reduzir até quatro dias da pena, com o limite anual de 12 obras, totalizando até 48 dias de remição por ano.

Coordenado pela professora Maria Andréia Fazolin, o projeto é desenvolvido no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Mário Faraco, localizado dentro da própria unidade. A iniciativa tem como objetivo ampliar o acervo bibliográfico das 11 unidades penais que compõem a regional administrativa de Curitiba da PPPR, além de promover o acesso à literatura e à cultura como ferramentas de reflexão, aprendizado e mudança de perspectiva. Durante os meses de julho, agosto e setembro, mais de 200 custodiados participaram da leitura de cinco obras: “O Conto da Ilha Desconhecida”, de José Saramago; “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus; “O Menino do Dedo Verde”, de Maurice Druon; “Os Miseráveis”, de Victor Hugo (adaptação de Walcyr Carrasco) e “Não Verás País Nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão.

Cada unidade recebeu 20 exemplares de cada título, totalizando 100 livros por unidade, além de materiais pedagógicos e artísticos para a produção de resenhas, cartazes, poemas, contos, crônicas, literatura de cordel, haicais, cartas, pinturas, apresentações teatrais, rodas de leitura e rodas de conversa. Os profissionais da educação tiveram liberdade metodológica para adaptar as atividades conforme o perfil dos participantes e o conteúdo das obras.

A mostra artística foi a conclusão do trabalho, revelando talentos e promovendo o reconhecimento das produções culturais dos custodiados. “Hoje, esta unidade reúne plenas condições de oferecer um tratamento penal digno, graças à atuação qualificada do nosso corpo técnico e ao trabalho eficaz da equipe de segurança. Esse conjunto de esforços permite que realizemos, de fato, um processo de reintegração social. O custodiado entende que precisa manter um bom comportamento para ter acesso aos projetos, remir sua pena de forma mais eficiente e, principalmente, sair daqui em melhores condições do que quando entrou”, afirmou o diretor da PCE-US, Olival Monteiro.

Segundo a professora Maria Andreia Fazolin, a mostra representou o encerramento de duas importantes etapas do projeto. “Gostaria de agradecer a presença de todos que prestigiaram o nosso trabalho, que é o trabalho de toda a unidade penal. Foram basicamente duas etapas, sendo a primeira com a realização de resenhas e a segunda com pinturas e desenhos. Foram cerca de 200 custodiados que participaram das atividades”, destacou.

O Conselho da Comunidade de Curitiba acompanhou todas as fases do projeto por meio de relatórios mensais enviados pela Divisão de Educação e Capacitação da PPPR, que incluíram dados sobre adesões, desistências e o desenvolvimento das ações pedagógicas e culturais em cada unidade.