Projeto ambiental promove reintegração social de apenados com plantio de mudas no Complexo Prisional de Cascavel 12/06/2025 - 17:32

O encerramento do projeto “Sementes de Resgate”, desenvolvido ao longo do primeiro semestre de 2025 pelo Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Wilson Antonio Neduziak, em parceria com a Polícia Penal do Paraná (PPPR), foi marcado por um momento simbólico e transformador: o plantio de mudas de árvores no Complexo Prisional de Cascavel. A ação aconteceu nesta quinta-feira (12), porém faz alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho.

O projeto foi desenvolvido ao longo do semestre nas turmas de Ensino Fundamental da Fase 1 da Educação de Jovens e Adultos (EJA), com custodiados das Penitenciárias Estadual Thiago Borges de Carvalho (PETBC) e Industrial Marcelo Pinheiro - Unidade de Progressão (PIMP-UP). A atividade final contemplou o plantio das mudas em áreas externas das unidades, respeitando critérios de segurança e promovendo a humanização dos espaços.

As mudas utilizadas foram doadas pelo Instituto Água e Terra (IAT), do Estado do Paraná. A partir delas, foram produzidas 100 mudas pelos apenados, entre árvores frutíferas e de sombra, como ipê, manacá da serra, ariticum, jabuticaba, jatobá e pitanga. Das mudas cultivadas, 40 foram plantadas ao redor do complexo, formando uma barreira verde contra agrotóxicos, uma vez que o entorno do local é cercado por plantações. As demais foram distribuídas entre servidores e familiares dos internos. O projeto envolveu, ao todo, mais de 80 custodiados, alunos do Ceebja.

Para o coordenador regional de Cascavel, Thiago Correia, o Sementes de Resgate reforça a importância da educação ambiental aliada à pedagogia do cuidado, sendo um símbolo do renascimento possível mesmo em meio aos muros: “Projetos como este precisam ser valorizados, pois são extremamente importantes, não só para a educação ambiental, mas como ferramenta de ressocialização da pessoa privada de liberdade. Isto demonstra o comprometimento dos profissionais da educação em transformar a vida daqueles que cometeram erros no passado”, destacou.

“A escola, dentro do sistema prisional, é um espaço no qual a pessoa privada de liberdade pode se sentir humana, respeitada e valorizada. O projeto Sementes de Resgate visa não apenas a educação ambiental, mas também promover a sala de aula como espaço de reflexão, transformação educacional, pessoal e social”, destacou a professora e idealizadora do projeto, Ana Paula de Sousa Formighieri.

O projeto envolveu cinco etapas interdisciplinares, com conteúdos de Ciências, Geografia, Arte, Língua Portuguesa, Projeto de Vida e Educação Ambiental. Os estudantes participaram de aulas teóricas sobre temas como aquecimento global, efeito estufa e desmatamento, além de atividades práticas, como a produção e o cultivo das mudas em embalagens recicladas. As mudas, posteriormente plantadas nas áreas externas das penitenciárias, receberam placas decorativas com frases e o nome do projeto, produzidas pelos próprios internos.

Durante o desenvolvimento do projeto, muitos participantes compartilharam experiências marcantes. Um dos custodiados da PETBC relatou: “Estou recluso há seis anos e não colocava a mão na terra todo esse tempo. Para mim, foi uma satisfação fazer esse trabalho. Espero que esse projeto continue, porque é muito bom e nos ensina muito”, afirmou.

Outro interno, também da PETBC, disse: “Plantamos uma semente não só na terra, mas em nossas vidas. Essa atividade me fez refletir sobre o que realmente importa: plantar o bem para colher o bem. Quero voltar para a minha família e, até lá, estudar para mudar minha vida”.

Na PIMP-UP, o impacto também foi evidente. “Gostei muito do projeto. Ele nos deu a oportunidade de cuidar mais do meio ambiente e repensar nossas atitudes. As árvores que plantamos ajudam a limpar o ar e servem como alimento e abrigo para todos nós”, disse um dos participantes.

Mais do que uma ação pontual, o Sementes de Resgate é um exemplo de como a educação, mesmo em ambientes restritivos, pode florescer e gerar frutos concretos. A iniciativa reforça o papel da escola prisional como espaço de humanização, oferecendo caminhos para a reintegração social e construção de novos projetos de vida.

O projeto foi planejado de acordo com as Diretrizes da Educação em Prisões, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Plano Estadual de Educação no Sistema Prisional do Paraná, promovendo o desenvolvimento de competências socioemocionais e valorizando o conhecimento empírico dos estudantes.

“Houve muitos relatos emocionantes de internos que, há anos, não tinham contato com a terra. Foi um momento de reencontro com a natureza e consigo mesmos. Isso mostra o quanto o trabalho diferenciado pode promover a humanização no ambiente prisional”, finalizou a professora Ana Paula.

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