Nesta quinta-feira (23), 11 pessoas privadas de liberdade (PPL) custodiadas na Casa de Custódia de Maringá (CCM) apresentaram suas impressões e interpretações sobre os capítulos do livro “Capitães da Areia”, do escritor Jorge Amado, um clássico da literatura brasileira que aborda a realidade de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Os apenados demonstraram bastante sensibilidade e envolvimento com a obra durante uma roda de conversa sobre o conteúdo do livro. O evento também contou com apresentações musicais ao violão, que dialogaram com a temática da obra, além de uma breve exposição sobre a biografia de Jorge Amado e sua importância na literatura nacional.

O coordenador em exercício da Regional da Polícia Penal em Maringá, Paulo Rafael Marques, destacou a relevância de projetos como esse dentro do sistema prisional. Segundo ele, iniciativas educativas baseadas na leitura têm um papel fundamental na transformação individual e social das pessoas privadas de liberdade. “A leitura é uma poderosa ferramenta de reconstrução. Ela desperta o senso crítico, amplia horizontes e mostra que é possível reescrever a própria história com dignidade e propósito”, afirmou.

“As mazelas retratadas em Capitães da Areia continuam presentes na sociedade”, disse o vice-diretor da CCM, Mário Iwamoto. “A educação e a espiritualidade desempenham papel fundamental no processo de reinserção social”, completou.

A atividade foi conduzida pela professora Gislaine Valéria Rodrigues, responsável pelo Programa de Remição pela Leitura, e pela pedagoga Vânia Rossi. “A dedicação de cada um foi essencial para compreender as mensagens humanistas que Jorge Amado transmite em sua escrita”, afirmou Gislaine. A pedagoga Vânia reforçou a relevância literária e social da obra de Jorge Amado, salientando o poder transformador da leitura. Segundo ela, o contato com textos como Capitães da Areia estimula o autoconhecimento e abre caminho para novas perspectivas de vida. “Cada leitura é uma oportunidade de reconstrução interior, um passo em direção à liberdade que vai muito além dos muros físicos”, disse.

A solenidade contou também com a presença da Irmã Ruth Tesche, reconhecida nacionalmente pelo trabalho humanitário junto às PPL, cuja atuação inspira acolhimento e solidariedade.

Sobre o Projeto Especial de Literatura - A Polícia Penal do Paraná promoveu, em 27 de agosto de 2025, o lançamento do Projeto Especial de Literatura, dentro do projeto de Remição Pela Leitura, regulamentado pela Lei nº 17.329/12, que trata da redução de pena por meio da leitura. O projeto tem como objetivo estimular o hábito da leitura e a reflexão crítica entre pessoas privadas de liberdade, contribuindo para sua formação humana e reintegração social.

A iniciativa utiliza o acervo bibliográfico recebido pela PPPR por meio de doação da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) em 2021, devidamente incorporado ao patrimônio da PPPR.