A Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) e o Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos (Ceebja) Nova visão, desenvolveram nesta terça-feira (28) mais uma edição do “Projeto Especial de Literatura”, iniciativa que alia a leitura, a reflexão e a expressão artística como instrumentos de reintegração social das pessoas privadas de liberdade (PPL). Nessa edição, o livro trabalhado com os alunos da unidade foi “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, um clássico da literatura brasileira que retrata a vida de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

O projeto envolveu não apenas a leitura e análise da obra, mas também atividades criativas que resultaram em apresentações de cordéis, nas quais as PPL expressaram suas interpretações e reflexões sobre a narrativa e seus personagens.

“O projeto foi fundamental para estimular a reflexão crítica dos sentenciados que participaram. A obra retrata com profundidade a exclusão social e a indiferença da sociedade diante dos mais vulneráveis, promovendo consciência, empatia e transformação pessoal por meio da literatura”, destacou o diretor da PIG, Renato Silvestri.

O vice-diretor da unidade, Matheus Henrique Garcia de Goes, enfatizou que: “Todo o projeto foi muito bem conduzido e contou com o envolvimento dos custodiados para, literalmente, vestirem a camisa do livro Capitães de Areia. O evento movimentou diversas pessoas, demonstrando o grande impacto que este trabalho trouxe na unidade. Estas iniciativas são fundamentais para fomentar a cultura e transformar a vida dos envolvidos”, afirmou.

“O exemplo dos Capitães da Areia nos inspira a seguir contra as marés da indiferença, a favor da solidariedade e da humanidade. Através das páginas deste livro, aprendemos sobre a força da infância, sobre a luta por liberdade, dignidade e esperança em meio às durezas da vida. Cada capítulo é um chamado à empatia, um convite para olhar com o coração aqueles que vivem às margens, mas sonham como todos nós”, destacou a professora Neusa Moro, coordenadora do projeto. “Agradeço aos professores, mediadores, leitores e participantes por acreditarem que os livros transformam vidas, assim como os meninos do trapiche transformaram a própria dor em coragem”, complementou.

Além disso, o projeto contou com a confecção e pintura de camisetas na cor de areia, branca e creme, simbolizando a temática da obra. As camisetas foram personalizadas por um dos participantes do projeto, demonstrando talento artístico e sensibilidade na representação visual da leitura.

O evento de encerramento contou com escrita e musicalização de uma poesia interpretada por duas PPL participantes do projeto.

A iniciativa reforça a importância da literatura como ferramenta de transformação, incentivando o pensamento crítico, a sensibilidade social e o protagonismo dos participantes. Por meio do Projeto de Remição pela Leitura, as pessoas privadas de liberdade têm a oportunidade de reduzir parte de suas penas ao mesmo tempo em que ampliam o conhecimento, o senso de empatia e a expressão cultural.