O Programa de Atenção à Saúde do Servidor Penitenciário (PASSP), da Polícia Penal do Paraná (PPPR), realizou nesta segunda-feira (4) a abertura da campanha Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção ao suicídio. O evento, que foi realizado no auditório da sede administrativa da PPPR, em Curitiba, busca estimular reflexões e ampliar o entendimento sobre saúde mental dos policiais penais, abordando métodos de compreensão, conscientização e sensibilização sobre o tema suicídio.

O policial penal, em razão da atividade que desempenha, fica exposto a situações contínuas de risco, que contribuem para o aparecimento de transtornos físicos e mentais. E a negligência dessas situações, dos sintomas e sinais apresentados, somados ao estigma que muitas pessoas têm, agravam esses quadros.

“A Polícia Penal tem intensificado as ações de prevenção suicídio pois existem estudos que apontam que a ocorrência destes eventos é muito maior entre os policiais. Então, diante disso, nosso objetivo é intensificar o programa de assistência ao servidor no qual fazemos esforços para aumentar o quadro de servidores. Um dos objetivos é coibir a intenção ao suicídio dentro do ambiente da Polícia Penal bem como entre os familiares dos policiais”, destaca Diego Piotrowski Machado, chefe de gabinete da direção geral da Polícia Penal do Paraná.

O coordenador do PASSP e policial penal, Arnaldo Gomes Barbosa, atua no sistema prisional há 32 anos e revela que já perdeu companheiros de trabalho e inclusive um familiar em atos extremos contra a própria a vida.

“Devido ao grande número de casos de suicídios que acontecem na segurança pública é que se faz grande a importância de uma ação como esta. Eu, infelizmente, tenho experiências de casos de suicídio na família e amigos. Então vimos a importância de organizar um evento como este na Polícia Penal, que é uma campanha de abrangência mundial. A nossa intenção é fazer com que o servidor tenha força para continuar sua vida pois sempre existe uma saída”, afirma Arnaldo.

O evento contou com uma palestra ministrada pelo psicólogo e policial científico, Eduardo Rodrigues Cabrera, que teceu palavras sobre os sinais e sintomas relacionados a intenção, ao planejamento e ao ato suicida. Ele também buscou sensibilizar os gestores para que analisem e percebam em suas forças de segurança o comportamento dos servidores a fim de identificar precocemente algum indício de tendência ao suicídio.

“Abordar o tema suicídio é de extrema importância para todas as forças de segurança. Já é sabido que policiais tendem a ter comportamentos suicidas em maior quantidade do que a população em geral, então o Setembro Amarelo é um mês muito importante pois serve para relembrar esta luta. Existe uma rede de apoio em saúde mental, dentro da rede municipal, na qual o servidor de qualquer força de segurança pode procurar ajuda nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e também nos Centros de Atenção Psicossocial (CAP). A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná conta também com o Programa Prumos, que atua na qualidade de vida e atendimento em saúde mental e no qual todo servidor público pode agendar atendimentos de acompanhamento sociológico e psicossocial”, destaca Eduardo.

O Programa Prumos, citado por Eduardo, oferece suporte à saúde mental dos servidores e familiares, os quais estão expostos a situações de violência, estresse e pressão e, por isso, precisam de acompanhamento adequado para o pleno desenvolvimento de suas atividades.

O diretor da Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário (Espen), Rodrigo Fávaro, diz ser necessário trabalhar esta campanha de forma contínua com objetivo de manter a saúde mental dos profissionais da segurança pública.

“A Espen, desde que o PASSP trouxe esta manda, colocou-se à disposição para auxiliar financeiramente através de recursos necessários para que esta campanha acontecesse. Entendemos que o tema é fundamental para a promoção da saúde do servidor. Infelizmente temos históricos de vários casos de suicídios ou tentativas, não só na Polícia Penal mas em outras forças de segurança, então devemos sempre trabalhar esta campanha, de forma contínua, com a devida atenção que é fundamental para a manutenção saúde mental dos servidores”, destaca.

O PASSP também criou uma cartilha com informações que auxiliam na identificação dos sintomas de uma pessoa com tendência suicida, com o título ‘Seja a Ajuda Que o Outro Precisa’, ensinando como um servidor pode auxiliar o outro a fugir deste perigoso caminho.